Centro Cultural Espanhol y Repatriação

Nas últimas décadas do século XIX e primeiras do XX o Brasil recebeu grande fluxo de imigrantes europeus e asiáticos atraídos pela movimentação da economia cafeeira. A cidade de Santos, consolidando-se como principal zona portuária do país, recebeu milhares desses imigrantes que chegavam nos navios vindos de diversos países: Itália, Portugal, Espanha, Alemanha, Japão. Muitos desses imigrantes prosperaram em seus negócios no Brasil, integrando-se à sociedade local e criando raízes econômicas e culturais.

A existência desses imigrantes no mesmo espaço social propicia o surgimento dos chamados clubes étnicos que consistiam em sociedades de ajuda mútua dentre a comunidade nacional que representava.

Em 1895, um grupo de imigrantes espanhóis bem colocados na sociedade santista composto por José V. Borjat, José Pascual Gómez, Eduardo Bun Parada, Juan V. Borjat, Segundo Lobariñas Fernándes e Evano Pérez Rodríguez com o objetivo de fundar a Sociedade Centro Espanhol, atendendo à ideia de José Borjat publicada anteriormente a imprensa santista chamando os espanhóis residentes a compor tal associação. Em 13 de janeiro de 1895 os membros da sociedade nomearam a primeira diretoria e decidiram pelo nome do grupo: Casino Español. Em fevereiro do mesmo ano o grupo se reuniu novamente para decidir sobre a construção do prédio sede da associação e, dessa forma, adquirem um terreno de 750 metros quadrados na Rua Aguiar de Andrade, no Paquetá, e logo depois no mês de maio do mesmo ano lançou-se a pedra fundamental da construção.

A Sociedade Centro Espanhol, ou Cassino Español, segundo Marília Cánovas,

…teve importante função junto aos recém-chegados ou aos refluídos do campo, no sentido de orientação, assistência, amparo em caso de doença e acolhimento em um primeiro momento e depois, auxiliando-os a encontraram alguma ocupação, fatores que propiciavam um mínimo ajustamento ao imigrante que o procurava, mergulhado em extrema pobreza e muitas vezes apresentando desajuste psíquico.

Em 1902 outro grupo de imigrantes espanhóis reúne-se para a formação da Sociedade Española de Repatriación de Santos tendo como principal objetivo fazer mediação no processo de repatriação. Essa outra sociedade funcionava no espaço que o Centro Espanhol cedia para suas atividades dada as dificuldades financeiras de ambas as associações. As dificuldades financeiras de ambas pode ter sido fator principal na decisão de aglutinar os dois grupos sob a razão social Centro Espanhol e Repatriação de Santos, como é conhecido até hoje.

Dentre as atuações do Centro Espanhol na sociedade santista estão o acolhimento das vítimas do naufrágio do navio Príncipe das Astúrias em 1916 com ajuda da Sociedade Espanhola de Socorros Mútuos e a transformação em hospital para cuidar dos enfermos da gripe espanhola de 1918.

Durante muitas décadas o Centro Espanhol y Repatriación funcionou no edifício da rua Aguiar de Andrade no Paquetá. Com o processo de expansão da cidade de Santos em direção da orla da praia e com a desvalorização das áreas centrais, as elites e classes médias começaram a abandonar os centros para residir em casarões afastados longe da cidade que viam como degradada (fisicamente, com as más condições do conjunto construído e moralmente, com a presença da prostituição e seus clientes).

Neste movimento, as famílias da elite e das classes médias burguesas e seus clubes e associações foram aos poucos abandonando as zonas centrais para instalar-se em áreas mais afastadas nos novos bairros valorizados com cara moderna, ruas largas e terrenos grandes. O Clube Espanhol seguiu esta tendência e, em 1961, a sociedade adquiriu um terreno na Av. Ana Costa e no mesmo ano lançou a pedra fundamental da nova sede, sendo inaugurada em 1964. Vinte anos depois, em 1984, a associação teve sua sede ampliada e implantou-se o Colégio Alfonso X com cursos de balé, ginástica e coral. Em 1986 foi novamente ampliada com a construção das piscinas e instalação de novas salas de reunião. Em 1992 a sede passou novamente por reforma que remodelou a fachada.

A fachada atual da sede tem influência modernista com utilização de concreto e linhas retas da construção, além de vitrais frontais e jardim.

Pode-se fazer a observação da fachada pelo passeio público.

Mais informações pelo telefone (13) 3233-2797.

Portal Novo Milênio. Centro Espanhol e Repatriação de Santos. Disponível em <http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0171f.htm>, acesso em 29 mai 2017.

Portal do Centro Espanhol de Santos. História. Disponível em <http://www.cesantos.com.br/histoacuteria.html>, acesso em 29 mai 2017.

CÁNOVAS, Marília Dalva Klaumann. Espanhóis na Santos da bèlle époque: o espaço, expressão da contradição. Revista Maracanan da UERJ, 2010. Disponível em <https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/maracanan/article/view/12915>, acesso em 29 mai 2017.