Agênca da Caixa Econômica Federal (Edifício de Dois Pavimentos)

Histórico do patrimônio

A história deste imóvel se confunde com a história da urbanização da região do Gonzaga, em Santos.

No fim do século XIX a região do bairro era ocupada por chácaras e propriedades que ficavam de frente ao mar, sendo um local esparsamente habitado. Nas proximidades onde se situa o casarão existia a chácara de George Holden cuja propriedade foi cortada pelos trilhos do bonde em 1887, por iniciativa de Matias Costa e sua Companhia de Bondes. A linha de bonde que cortava a propriedade ligava a Barra ao loteamento da Vila Mathias e eram bondes puxados por tração de animais muares. Ao fim da linha, no desembocar da atual Avenida Ana Costa, o bonde pulava um riacho que existia na atual Rua Dr. Othon Feliciano e seguia pela propriedade de Holden – sua linha se confunde com a Rua Marcílio Dias, que foi aberta justamente por causa do Bonde – até seu ponto final, o Botequim do Gonzaga, que deu nome ao bairro.

O dito Botequim localizava-se nas proximidades onde hoje se encontra o casarão. O ponto final da Avenida Ana Costa somado à localização do bonde significava que ali era uma centralidade que estava se consolidando. No início do século XX já se situava ali um ponto de turismo, movimentação e valorização comercial. Os bondinhos deram outra vivacidade ao arrabalde, que se tornou o centro de passeios dos santistas, principalmente aos domingos e feriados. O uso das praias começou justamente no Gonzaga, logo surgiram os primeiros hotéis e condições para se fazer turismo.

Na década de 20 já funcionavam na orla da praia o Parque Balneário Hotel e o Atlântico Hotel, ambos emoldurando o final da Avenida Ana Costa, localização mais valorizada da época. Chácaras de veraneio, como a de George Holden, dão lugar a palacetes luxuosos, de frente para o mar. Por volta dos anos 30, famílias nobres passam a habitar, em caráter permanente, entre o Gonzaga e o Boqueirão, mais precisamente entre a Avenida Ana Costa e a Avenida Conselheiro Nébias, área que ficou conhecida como Vila Rica.

Enquanto os quarteirões litorâneos concentravam os palacetes, hotéis e cassinos, em ruas perpendiculares e paralelas se fixam famílias de classe média. Na Rua Floriano Peixoto aparecem as primeiras construções de dois pavimentos.

É neste contexto de mudanças do bairro do Gonzaga que se insere a construção do casarão. O sobrado foi construído provavelmente na década de 1920, aos moldes dos primeiros casarões dos “barões do café” e constitui uma das primeiras construções de alvenaria na orla da praia. Provavelmente, a sua primeira função foi residencial de alta classe, dessa classe de comerciários enriquecidos pelo comércio do café. Mas, já em 1934 o prédio é comprado pelo Clube XV, um clube de veraneio composto pela elite santista, o que mostra este movimento que o bairro testemunhou: primeiro residência, depois serviço de turismo. É a transformação do Gonzaga em um centro de serviços.

O Clube XV ocupou o prédio até 1969, quando mudou de endereço. Não se sabe qual ocupação o prédio recebeu entre 1969 e a instalação da Caixa Econômica Federal, em 1982, que ainda utiliza o prédio.

O bairro passou por um processo intenso de verticalização durante a segunda metade do século XX e por causa disso somente algumas construções da época dos casarões e chácaras restaram, sendo uma delas essa construção. Dado isto, o imóvel foi tombado pela instância municipal de preservação do patrimônio, o CONDEPASA, em 1995.

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Descrição física e estado de preservação do bem

O casarão é construído em um estilo híbrido do ecletismo brasileiro, difundido no início do século XX pela burguesia enriquecida pelo café. São estilos que se misturam e se sobrepõem que desembocou, neste casarão, em um eclético sóbrio, com presença de varanda e colunatas.

 

 

 

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Outras Informações

INSTÂNCIAS E NÚMERO: CONDEPASA, Proc. 44949/92-86, Livro Tombo 01: inscrição
23, folha 4, Resolução SC 02/94 de 02/02/95.

 

“Quem visita à agência bancaria e tem algum tempinho pode conhecer toda a história da casa, em painéis que ficam dispostos no corredor por sua volta. O passeio cultural leva menos de 5 minutos e é uma ótima forma de observar os detalhes que normalmente são ignorados pelos frequentadores ou os que apenas passam por fora.” (texto retirado integralmente do blog https://www.juicysantos.com.br referenciado abaixo).

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Referências

Blog JuicySantos. Disponível em <https://www.juicysantos.com.br/vida-caicara/nostalgia-santista/10-coisas-que-voce-nao-sabia-sobre-o-gonzaga/> e em < https://www.juicysantos.com.br/vida-caicara/nostalgia-santista/o-imovel-ocupado-pela-caixa-economica-no-gonzaga/>, acesso em 21 set. 2016.

Portal Novo Milênio. Disponível em <http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0398.htm>, <http://www.novomilenio.inf.br/santos/ribs08.htm>, <http://www.novomilenio.inf.br/santos/fotos030.htm>, <http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0100b07.htm>, <http://www.novomilenio.inf.br/santos/fotos032.htm>. Acesso em 21 set. 2016.

Fuga para o Gonzaga, Jornal da Orla (Santos, 19 jun. 2011). Disponível em <http://www.jornaldaorla.com.br/noticias/4710-fuga-para-o-gonzaga/>, acesso em 21 set. 2016.

Coletânea de imagens da Santos do século XX. Disponível em <http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1103667>, acesso em 21 set. 2016.

Portal do Clube XV de Santos. Disponível em <http://www.clubexvsantos.com.br/historia/>, acesso em 21 set. 2016.

SANTOS, Cynthia Regina de Araújo Evangelista dos. Santos das Avenidas: a moradia burguesa no início do século XX. 2007. 251 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.

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Como Chegar

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