Cemitério do Paquetá

Histórico do patrimônio

A necessidade de se construir um cemitério municipal em Santos veio com a lotação das igrejas – pois os sepultamentos eram realizados em seus interiores. Na cidade em Santos os sepultamentos eram feitos principalmente na Igreja do Valongo. Como consta no Almanaque de Santos de 1971, de Olao Rodrigues, “antes de 1853 os enterramentos eram feitos no chamado quintal de Santo Antônio, atrás do antigo Convento (ala destruída para construção da Estrada de Santos a Jundiaí); antes de 1850 as pessoas classificadas eram enterradas nas igrejas e nos adros e pátios das igrejas: Carmo, Santo Antônio, Matriz N. S. das Graças, Rosário, São Francisco, São Bento.”

Em 1851 os vereadores adquiriram um terreno perto do Rio dos Soldados, nas proximidades de um cemitério já existente chamado Cemitério dos Estrangeiros ou dos Protestantes, dando, assim, início à transação comercial do terreno. Entre 1851 e 1853 o terreno foi adequado para abrigar um cemitério: construiu-se um muro, um portão de ferro e uma capela – Capela de Santo Cristo – construída em 1854. A Capela de Santo Cristo, localizada quase no centro do cemitério, foi inaugurada em 1855, sendo que os dois corpos laterais que se referem à sacristia e à morada dos guardas, hoje usados para o escritório da administração, foram construídos em 1880.

Ainda em 1853 parte foi aterrada para receber os primeiros sepultamentos, que ocorreram após 18 de outubro do mesmo ano, data de sua bênção solene. O regulamento do cemitério foi publicado pela Câmara em 1º de dezembro de 1854 e o definitivo foi feito em 16 de fevereiro de 1855, data considerada oficial para sua fundação. Em 1855, devido à epidemia da cólera, foi aterrada e preparada às pressas mais uma quadra do Cemitério. Em 1858, foram trasladados os ossos dos mortos sepultados no antigo Cemitério de Santo Antonio do Valongo, em solenidade no dia de Finados.

Na época dos primeiros sepultamentos, construíam-se os túmulos com mármore branco, depois substituído pelo granito preto, descaracterizando o cemitério. O caixão era carregado do carro até a Capela, depositado na eça e aberto para verificação pela administração do cemitério. Hoje é utilizada uma carreta que leva o corpo até o local do sepultamento. O carro fúnebre perdeu toda a imponência, pois era preto ou branco, puxado por cavalos emplumados e ajaezados, e hoje é um simples furgão comum. Já naquela época havia diferença nos enterros de pobres e ricos. Enquanto os ricos eram levados em carros emplumados, os pobres iam num bonde, cuja linha era específica para enterros, o bonde 9, da Companhia City, que era alugado para levar pessoas pobres, onde o caixão ia sobre o encosto dos bancos e, nos outros, iam familiares e amigos.

Em 1902, a Intendência Municipal mandou demolir a Capela de Jesus, Maria e José, por estar bastante arruinada, e daí foram trasladados para o Paquetá vinte e quatro ossadas que foram sepultadas na quadra da Irmandade de Nossa Senhora do Terço. Dentre essas ossadas, foram encontrados objetos curiosos: uma fita de ouro, com as pontas dobradas, trazendo o lema “Independência ou Morte” e uma borla pertencente a uma banda ou faixa da Ordem Militar. Sabendo-se que tais objetos só podem ter pertencido a um capitão de milícia ou capitão-mor, conclui-se que poderiam ter sido do capitão Manuel José Vieira de Carvalho, que foi sepultado nessa capela em 4 de janeiro de 1820, e do capitão-de-milícia José Antonio Vieira de Moraes, que foi sepultado em 19 de dezembro de 1823.

O Cemitério do Paquetá é considerado patrimônio histórico, arquitetônico e cultural de Santos, por sua antiguidade; pelos homens ilustres que aí estão sepultados, tanto a nível municipal quanto nacional; pela beleza arquitetônica que não se usa mais. Aí estão sepultados o dr. Martins Fontes, o historiador e pintor Benedito Calixto, Joaquim Xavier da Silveira, o poeta Vicente de Carvalho,Quintino de Lacerda, Paulo Gonçalves, Cleóbulo Amazonas Duarte, Fábio Montenegro, Renata Agondi, Francisco Martins dos Santos, João Gommensoro Wandenkolk (o mais procurado no dia de Finados, por dizerem ser santo); e outras dezenas, sejam antigos, como mais recentes. No dia 10 de novembro de 1993 houve um incêndio criminoso, que queimou alguns livros de registros, atingiu a Capela e o escritório da administração. A imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo despencou do altar.

Em seu tombamento, que foi realizado pelo CONDEPASA, instância municipal, em 1998, consta que o dito tombamento abrange “o Portal Monumental com inscrição em latim; traçado da circulação interna; Capela do Santo Cristo com peças sacras e os túmulos: Cemitério dos Estrangeiros em Santos, Ana Franco Maylasky, Carlota Patusca Guimarães, Francisco Martins dos Santos, Henrique Armando de Azevedo, José Serafim Cardoso, Manoel Joaquim Ferreira Neto, Maria Carlota Porchat de Assis, Maria Piedade de Souza e Costa, Rodolpho M. Guimarães, Silvino Alves Correa, Thomaz Antonio de Azevedo, Vicente Augusto de Carvalho, Ernesto Cândido Gomes, Jazigo da Família Macuco Borges, Antônio da Silva Azevedo Júnior, Antônio Bias da Costa Bueno, José Domingues Martins, Joaquim Xavier da Silveira, José Olímpio Lima, Benedito Calixto de Jesus, Carlos Augusto Vasconcelos Tavares, João Galeão Carvalhal, José Martins Fontes, Dr. Alamir Martins, Júlio Ribeiro.”

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Descrição física e estado de preservação do bem

O Cemitério do Paquetá tem área total de 25.000 m² e cerca de 10.400 m² são ocupados por irmandades religiosas. No mesmo terreno ainda se encontra uma Capela e alguns espaços reservados para escritórios da administração. No portal do cemitério está colocada a inscrição: “In Pace Idpsum Dormian Et Requiescam” – “Descansem em paz os que dormem eternamente”.

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Outras Informações

INFORMAÇÕES DE TOMBO

INSTÂNCIAS E NÚMERO: CONDEPASA, Proc. 46253/95-55, Livro Tombo 01: inscrição
27, folhas 5 e 6, Resolução SC 01/98 de 06/05/98.

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Referências

Portal Novo Milênio. Disponível em <http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0204b.htm>, acesso em 26 jul. 2016.

YAMAGAWA, Mônica. Cemitério do Paquetá. Revista Eletrônica Patrimônio: Lazer & Turismo (revista vinculada ao programa de Mestrado em Administração da UNISANTOS), Santos, maio. 2004. Disponível em <http://www.unisantos.br/pos/revistapatrimonio/painel80e0-2.html?cod=63>, acesso em 26 jul. 2016.

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Como Chegar

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