Hospedaria dos Imigrantes

Histórico do patrimônio

As hospedarias de imigrantes exerceram importante papel na história do movimento imigratório que tinha por destino o Brasil na segunda metade do século XIX e primeira do XX. Eram locais de transição para os imigrantes, lugar onde esperavam ser chamados ao trabalho por meio de contratos com os cafeicultores. Os imigrantes europeus e japoneses que entravam na província/estado de São Paulo desembarcavam sobretudo no porto do Rio de Janeiro ou no de Santos[1]. Assim sendo, Santos era central no fluxo migratório deste período. Existiram várias, sendo as mais famosas a Hospedaria do Brás e Bom Retiro, em São Paulo, a da Ilha das Flores, no Rio de Janeiro.

Santos não possuía Hospedaria apropriada para receber esta leva de imigrantes. Assim sendo, os imigrantes que chegaram por Santos durante a segunda metade do XIX ficavam alojados em locais improvisados, como o Arsenal da Marinha ou no Convento de Santo Antônio, anexo à Igreja da Ordem Terceira do Valongo, prédio que foi demolido para a construção da Estação Ferroviária do Valongo nos anos 1860. A igreja também serviu como alojamentos para os imigrantes recém chegados com seu local prático, ao lado da estação ferroviária.

Assim sendo, no início do século XX, por volta de 1910, surge a ideia de construção de uma Hospedaria em Santos que serviria também como um Hospital para tratamento dos imigrantes que chegassem doentes ao porto, para evitar epidemias de doenças tropicais muito comuns nesta época. Tal projeto, liderado pela Comissão Sanitária de Santos, teve seu projeto arquitetônico desenhado e idealizado por Nicolau Spagnolo e foi colocado em execução em 1912, iniciando-se a construção do prédio no terreno onde se localizava a própria Comissão Sanitária de Santos[2].

Porém, na época em que o prédio estava em construção, o fluxo migratório teve uma queda considerável. As obras foram paralisadas em 1914 por falta de verbas[3]. Assim sendo, os imigrantes chegados no porto eram encaminhados direto para a Hospedaria localizada em São Paulo.

Como escreve Laís Lima e Hélio Hirao em artigo referenciado abaixo,

Com o início da Primeira Guerra Mundial, a produção cafeeira no Brasil ficou comprometida, isto se deu principalmente com o bloqueio alemão e com a proibição da importação de café pela Inglaterra, em 1917, que alegava que os espaços nas cargas dos navios deveriam transitar produtos mais importantes na época. Isso gerou um enorme acúmulo das sacas de café e havia poucos armazéns em Santos para estocá-las, por isso a Secretaria da Agricultura tomou posse de vários prédios para fazer estocagem e a Hospedaria dos Imigrantes, com suas obras paralisadas, foi um deles.[4]

O prédio semiconstruído permaneceu sendo utilizado como estoque e entreposto de produtos agrícolas durante quase todo o século XX: até 1929/30 como estoque de café; depois disso e até 1940, estoque de milho; década de 40, estoque de banana. No fim do século XX foi utilizado como oficina de carros da Secretaria de Segurança Pública e como sede da ATATESP.

Na década de 1990 o prédio estava em completo abandono. Por ação do CONDEPASA, o prédio é tombado. O prédio passou, então, pela mão de diversas entidades que prometiam fazer restauro e uso de seu espaço, mas todas até agora devolveram o prédio ao poder público.

Atualmente, o prédio se encontra em posse da Faculdade de Tecnologia Rubens Lara, a FATEC da Baixada Santista, e promete restauração e uso da edificação.[5]

[1] UDATETA, Rosa. Nem Brás, nem Flores: Hospedaria de Imigrantes da cidade de São Paulo…

[2] LIMA, Laís Hanson Alberto; HIRAO, Hélio. Requalificação da antiga Hospedaria dos Imigrantes para o porto de Santos-SP.

[3] LIMA, Laís Hanson Alberto; HIRAO, Hélio. Requalificação da antiga Hospedaria dos Imigrantes para o porto de Santos-SP…

[4] Idem, p. 5

[5] Portal da FATEC Rubens Lara.

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Descrição física e estado de preservação do bem

Situado na Rua Silva Jardim Nº 95, o edifício possui características ecléticas com grande influência neocolonial e uma linguagem clássica na cornija central e no frontão, e com volutas da entrada principal. Desenhado em um retângulo de 110×87 m, é composto de duas alas principais; dispõe de torres na fachada principal e suas janelas são preenchidas com tijolos.

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Outras Informações

INFORMAÇÕES DE TOMBO

INSTÂNCIAS E NÚMERO: CONDEPASA, Proc. 70214/97-21, Livro Tombo 01: inscrição
29, folha 6, Resolução SC 03/98 de 02/12/98.

 

É possível a observação da fachada do prédio por meio do passeio público.

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Referências

Portal Novo Milênio. Disponível em <http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0223.htm>, acesso em 23 nov. 2016.

Portal da FATEC Rubens Lara. Disponível em < http://fatecrl.edu.br/site/institucional/hospedaria>, acesso em 23 nov. 2016.

LIMA, Laís Hanson Alberto; HIRAO, Hélio. Requalificação da antiga Hospedaria dos Imigrantes para o porto de Santos-SP. In: III SEMINÁRIO INTERNACIONAL URBICENTROS, 2012, Salvador-BA. Disponível em <https://ppgau.ufba.br/urbicentros/2012/ST313.pdf>, aceso em 23 nov. 2016.

UDAETA, Rosa Guadalupe Soares. Nem Brás, nem Flores: Hospedaria de Imigrantes da cidade de São Paulo (1875-1886). São Paulo: FFLCH/USP, 2016, 200 p. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em História Econômica, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016. Disponível em <http://spap.fflch.usp.br/sites/spap.fflch.usp.br/files/PAP-UDAETA_Rosa-15032016-FINAL.pdf>, acesso em 23 nov. 2016.

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Como Chegar

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