A Companhia Melhoramentos da Cidade de Santos abriu uma linha de bonde da estação de trem à praia em 8 de outubro de 1871 – um ano antes do primeiro bonde funcionar em São Paulo. A zona do porto, no lado norte da ilha, e comunidades de praia, a sul, estavam ligados por um sistema de bondes, sendo, os bondes, a mola propulsora ao desenvolvimento da cidade de Santos, que avançava à região da orla. A cidade de São Vicente, no lado ocidental da ilha, inaugurou um sistema de bondes interurbanos para Santos em 24 de outubro de 1875. A Companhia Carris de Ferro da Villa de São Vicente, contudo, adquiriu esta linha em 1885.
Em 1897, os bondes de Santos e São Vicente (83 bondes de passageiros, 78 bondes de carga, 6 carros de bagagem, seis locomotivas suíças e 573 mulas) foram adquiridos pela Companhia Viação Paulista, que também operava bondes elétricos na cidade de São Paulo. Em 1901, a Empresa Ferro-Carril Santista, uma empresa local, assumiu os bondes e operou a eletrificação destes, porém, devido a problemas financeiros o projeto foi abandonado e o maquinário adquirido até então (geradores da General Electric, caldeiras da Babcock&Wilcox, motores a vapor da Ide, caminhões da Peckham, e outros materiais de Nova York) foram vendidos à City of Santos Improvements Company, junto com a franquia de bondes, em 20 de fevereiro de 1904; os vinte bondes elétricos foram transferidos a São Paulo.
Em 1907, a CSIC começou a construção de um novo sistema de bondes elétricos. Os dezoito primeiros bondes virem de Motherwell, na Escócia, pela Hurst&Nelson Company, em 3 de junhos de 1908. A primeira linha, do centro de Santos a São Vicente, foi inaugurada em 28 de abril de 1909. Se segunda linha, a São Vicente via Matadouro, o percurso do bonde a vapor anterior, foi inaugurada um mês depois. O último bonde, para as mulas, ocorreu em 3 de maio de 1912.
A CSIC operou o sistema de bondes elétricos em Santos por quase meio século. A Hurst&Nelson Company forneceu equipamentos até 1951: 48 bondes de passageiros, 20 bondes de mercadorias, 4 bondes de bagagem, um bonde dos correios, 2 bondes de irrigadores e milhares de peças. Também foi adquirido um bonde de passageiros da St. Louis Car Company, em 1908, dois carros de nove bancos da United Electric em 1915, e três bondes de doze bancos da Ateliers Métallurgiques, da Bélgica, em 1928. Em 1915 os números de carros foram dobrados e em 1919 a empresa começou a construir seus próprios carros, incluindo modelos de bondes de dois truques.
Em 1917, a cidade de Santos tinha a maior proporção de bondes para passageiros da América do Sul. Em 1925, bondes rápidos, fazendo paradas limitadas, foram introduzidos nas linhas da praia. Em 1926, duas rotas de bondes expressos (não permitiam homens sobre os estribos e recusavam pessoas carregando pacotes) também foram introduzidas. Em 1930, a CSIC construí enormes bondes articulados de seis eixos, números CSIC 300 e CSIC 302, cada um com 18 bancos, permitindo 90 passageiros sentados.
No entanto, nestes últimos anos, poder-se-ia ver, apesar ainda da evolução progressiva, o caminho à decadência da franquia de bondes. Em 1929, 75% das ações da CSIC foi adquirida pela Light&Power Company, a empresa canadense que controlava os bondes no Rio de janeiro, em São Paulo e em Sorocaba. O censo do IBGE de 1945 mostra que a companhia detinha 139 bondes de passageiros a motor, 80 reboques para passageiros, 53 bondes de mercadorias e 86 km de pista.
Em 1952, a Light&Power Company abandonou a operação, deixando-a ao Serviço Municipal de Transportes Coletivos. Em 1954, a SMTC começou a reconstruir os bondes abertos, tornando-os veículos fechados. Em 1963, o sistema de trólebus de Santos entrou em funcionamento, deteriorando ainda mais o serviço de bondes. Em 28 de fevereiro de 1971, 99 anos e quatro meses após o início do serviço de bondes, o último bonde aberto correu em Santos, marcando o encerramento do último grande sistema de bondes do Brasil.
Em 1984, o projeto de reconstrução do sistema de bondes da cidade de Santos começava a ser planejado. O prefeito Paulo Gomes Barbosa desenterrou 900 m de trilhos na Avenida Bartolomeu de Gusmão, junto a Praia do Embaré e, em 10 de junho daquele ano, iniciou o restaurado do carro CSIC46. Infelizmente, a linha estava muito longe do depósito da Vila Matias, e a manutenção tornou-se um problema, provocando, novamente, o encerramento do serviço em outubro de 1986.
Quatorze anos depois, em 23 de setembro de 2000, Santos construiu outra linha turística, na parte velha comercial da cidade, ligando a Praça Mauá com a estação de trem e vários pontos históricos, com 1,7 km de extensão, operada através do carro CSIC 84. Um reboque (bonde a burros) foi adicionado em outubro e o bonde fechado CSIC 40 se juntou à frota em 2002. No ano de 2005, Santos importou três bondes elétricos antigos de Porto, em Portugal; em 2006, importou dois bondes elétricos de Turim, na Itália. Atualmente o circuito foi ampliado em 5 km até o Mont Serrat.
Hoje, Santos tem o Museu Vivo de Bondes, com 12 veículos procedentes de vários países. Seis estão em circulação: três escoceses, dois portugueses, além de outro escocês que serve de posto de informações turísticas no Gonzaga. Na garagem da CET estão alguns exemplares de Portugal, Itália e Estados Unidos à espera de restauração. A prefeitura mantém contato com cidades de outros países para a ampliação do acervo. Em agosto de 2012, Nagasaki (Japão) doou um bonde para cidade.
