Edifício Remanescente do Hotel Parque Balneário

Histórico do patrimônio

O Hotel Parque Balneário tem sua história ligada à história da urbanização do Bairro do Gonzaga, em Santos. No fim do século XIX a região do bairro era ocupada por chácaras e propriedades que ficavam em frente ao mar, sendo um local esparsamente habitado. A paisagem era muito diferente da que conhecemos hoje: não havia edifícios altos, as ruas eram pouco pavimentadas, os lotes eram grandes e dispersos.

No final do XIX o bairro recebeu uma linha de bonde que tinha seu ponto final no desembocar da Avenida Ana Rosa. No início do século XX já se situava ali um ponto de turismo, movimentação e valorização comercial. Os bondinhos deram outra vivacidade ao arrabalde, que se tornou o centro de passeios dos santistas, principalmente aos domingos e feriados. O uso das praias começou justamente no Gonzaga, logo surgiram os primeiros hotéis e condições para se fazer turismo.

É neste contexto de ocupação, urbanização e consequente valorização do Bairro do Gonzaga que o Hotel Parque Balneário se encaixa.

No início do século XX havia uma pequena instalação hoteleira no fim da Avenida Ana Rosa, nas imediações do bonde. Constituía-se de um pequeno hotel e uma área de recreio a sua volta, e foi construído provavelmente em 1900. Consta em um cartão postal de 1906 uma representação do Hotel com o nome de “Hotel do Parque Balneário”. Em um relato de viagem de um francês de 1907 consta que quem construiu o dito hotel foi um sujeito chamado Julio da Conceição e que a então atual proprietária era Madame Nicolasa de Paraquellos.

Em 1912 a instalação hoteleira foi comprada de Alberto Fomm e Elisa Poli, então proprietários, por 25 contos de réis por dois italianos, João Fracarolli e Angelo Poci (este, dono do jornal A Fanfulla), que pretendiam instalar no lugar o hotel mais luxuoso do País. Pouco depois, essa sociedade foi desmanchada e formada uma outra, desta vez com dois irmãos: novamente João Fracarolli e Henrique Fracarolli. A família possuía vários imóveis na Itália e, para construir o Parque Balneário, começou a vender algumas dessas propriedades. Podemos observar um processo de valorização da área do Gonzaga com esta compra, onde uma área antes pouco ocupada e desvalorizada se torna local de investimentos em serviços surgidos do turismo da praia do José Menino.

Entre 1914 e 1928 passou por intensas reformas (e demolição do prédio do antigo hotelzinho), tendo suas principais modificações concretizadas em 1922, com a construção do bloco voltado para a Rua Carlos Afonseca, em 1926, com a construção do bloco voltado para a Av. Ana Costa e em 1928, com a construção do torreão onde ficaram instaladas a portaria e a recepção, completando o edifício que tinha a forma de “L”. Após as reformas, passou a ocupar um quarteirão inteiro que correspondia aos três prédios que formavam um L mais um jardim gigantesco voltado para o lado da praia, onde hoje encontram-se edifícios residenciais.

O Hotel foi um ponto de importantíssimos encontros sociais da elite santista, nacional e até internacional. Recebeu reis, presidentes, artistas, etc. Era um espaço de sociabilização dessas elites, ocorrendo lá festas, casamentos, encontros políticos, dentre outros eventos.

Esse período de efervescência começou a desaparecer com a proibição do jogo no país em 1945, por determinação do presidente Eurico Gaspar Dutra. Antes, o jogo só havia sofrido uma breve interrupção, durante o governo de Washington Luiz (1927/30). A partir de 1957, com o crescente desenvolvimento imobiliário em Santos, o luxuoso hotel começou a dar prejuízos e em 1964 era vendido ao Santos Futebol Clube. O Santos comprou o Parque por 6 milhões de cruzeiros, quando ainda estava numa boa fase financeira, apesar de não ter liquidado a compra totalmente. Rapidamente, a diretoria do Santos percebeu que não havia feito uma boa compra e passou a alugar o terreno para a instalação de parques de diversão, enquanto promovia bailes. Já em agosto de 1967, o presidente Athié Jorge Couri anunciava pelos jornais que um grupo liderado por Frank Sinatra estava interessado em adquirir o parque.

Somente em outubro de 1972 apareceram os verdadeiros interessados em comprar o deficitário Parque Balneário, após um período de litígio na justiça entre o Santos Futebol Clube e a família Fracarolli. O preço estipulado foi de 16,8 milhões de cruzeiros divididos entre o Santos e os Fracarolli, sendo que as três empresas interessadas cobriram cada uma um terço da quantia. Formava-se assim a empresa Nova Santos, composta pelas firmas Metromar, de Cláudio Doneaux e Modesto Villanova; Elacap, de Abdalla Elias, Elias Akaui e Oscar Capelache e Exata, de Dâmaso Montero Esteves e Paulo Viriato Correia da Costa.

Em 15 de junho de 1973, vinte operários iniciavam os trabalhos de demolição e, alguns meses depois, eram leiloados 500 lotes de objetos que pertenceram ao Parque. Era o fim do majestoso hotel, que havia sido construído em sua grande parte com material importado: escadas de mármore de Carrara, da Itália; vidros das portas, janelas e lustres de cristal da Boêmia; as portas e as armações das janelas, de puro jacarandá; as maçanetas e as fechaduras, da Inglaterra; as pastilhas do chão, dos terraços, cozinhas, banheiros e varandas de porcelana, da Inglaterra; os vitrôs das portas, da Bélgica; o alto das paredes e colunas com desenhos cobertos com lâminas de ouro, além de seus salões imensos decorados com pinturas florentinas nas paredes e nos tetos.

Em 1994 o CONDEPASA, em esforço para preservar o que ainda restava da suntuosa e significativa edificação, tombou o bloco remanescente do Hotel que constitui o bloco voltado para a Rua Carlos Afonseca, aquele construído em 1922.

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Descrição física e estado de preservação do bem

INFORMAÇÕES DE TOMBO

INSTÂNCIAS E NÚMERO: CONDEPASA, Proc. 48930/93-81, Livro Tombo 01: inscrição
22, folha 4, Resolução SC 01/94 de 30/09/94.

 

O prédio remanescente é construído em estilo eclético, já em sua fase final, com elementos neocoloniais (beirais retos) e linhas retas, mas ainda contendo elementos de decoração.

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Outras Informações

É possível a observação da fachada do prédio por meio do passeio público.

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Referências

CORNEJO, Carlos; GERODETTI, João Emilio. Lembranças de São Paulo: o litoral paulista nos cartões-postais e álbuns de lembranças. São Paulo: Editora Solaris, 2002, p. 88-91.

Portal Porto Gente. Disponível em <https://portogente.com.br/colunistas/laire-giraud/16190-o-inesquecivel-parque-balneario>, acesso em 20 out 2016.

Portal do Parque Balneário. Disponível em <http://www.parquebalneario.com.br/br/hotel-santos/historico.aspx>, acesso em 20 out 2016.

Portal Novo Milênio. Disponível em http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0319b.htm>, acesso em 20 out 2016.

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Como Chegar

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